Qual a relação entre música e alfabetização?

Quem tem filhos na fase de alfabetização sabe o quanto este processo é desafiador para a criança. Algumas, inclusive, podem ter mais dificuldades para aprender a ler e escrever e, consequentemente, comprometer sua base de socialização e de formação educacional. Isso pode ocorrer devido a aspectos emocionais, imaturidade, dislexia ou retardo. Segundo a Neurocientista, Neuropsicóloga, Educadora e Pianista Thaís Lisboa Costa, o aprendizado ocorre a partir da consolidação da memória, tendo o sono importância fundamental nisso, funcionando como elemento reparador do cérebro.

Com esse mesmo princípio atua a Neuromúsica, uma atividade prática com o uso de técnicas e instrumentos musicais, que visa consolidar o aprendizado infantil, principalmente na fase de alfabetização, a partir dos 4 anos. Como as crianças, em função do desenvolvimento, não estão ainda bastante amadurecidas para filtrar ou reparar as experiências vividas, utiliza-se a prática da Neuromúsica, para auxiliá-las nesse processo.

“Isso significa a possibilidade de alcançar um rendimento satisfatório nas tarefas diárias, de forma que ameniza a ansiedade, o medo de ser repreendido e a dificuldade de conter impulsos ou expressar emoções”, avalia.

Como acontece

Thaís explica que, embora o tempo médio de horas de sono e de produção musical seja de oito horas, há pessoas que necessitam de 12 horas e outras se satisfazem apenas com quatro horas. Portanto, a prática da Neuromúsica deve ser explorada em qualidade e quantidade, conforme a idade, fator essencial para maturação cerebral, pois a capacidade de dormir bem, em comparação com o desenvolvimento de uma produção neuromusical, diminui com o passar dos anos.

Durante a prática Neuromúsica, assim como no período de sono, desperta-se um encontro com elementos relevantes na história do indivíduo, consolida-se as experiências vividas e se favorecem a reformulação da significação dos símbolos assimilados na memória, dando-lhes sentido e atendimento. “Não se trata apenas de manter memória, de favorecer necessariamente as lembranças, mas também de retomar as energias de forma especial”, acrescenta a neurocientista.

A criança alfabetizada com a prática da Neuromúsica incorpora as experiências e a estimulação que a cerca. “As experiências vivenciadas alimentam as estruturas funcionais das crianças que estão nos primeiros estágios da sociabilidade, determinando a qualidade de seu desenvolvimento mental e provocando o próximo estágio de organização”, finaliza Thaís.