Como saber se seu filho tem dificuldades para aprender?
É comum dificuldades aparecerem no ato de aprender. Contudo, quando elas deixam de ser transitórias, podem ocasionar prejuízos no desempenho escolar. O conhecimento, por parte dos envolvidos na educação da criança, é um dos instrumentos imprescindíveis para a identificação e o tratamento das dificuldades de aprendizagem. Pensando nisso, o Manual da Mamãe realizou esta entrevista com a psicopedagoga Ana Maria Munhoz Fett, a fim de esclarecer essa tarefa, não muito simples nos dias de hoje.

Quais são as causas das dificuldades de aprendizagem na criança?

Inúmeras são as causas. Enquanto alguns teóricos enfatizam os aspectos neurobiológicos, outros se apoiam nos fatores emocionais e outros, ainda, preferem apontar os problemas de ordem social ou até a conjunção de alguns desses fatores. Dentre eles, podemos citar a prematuridade, hereditariedade, efeitos colaterais por uso de medicamentos, Desordem do Processamento Auditivo Central (DPAC), dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Por outro lado, outros teóricos afirmam sobre a inadequação metodológica, as mudanças repentinas de escola, a desorganização da rotina familiar ou a perda de um ente querido.

Quais são os sinais que podem auxiliar os pais na identificação precoce da dificuldade de aprendizagem?

Antes mesmo de entrar na escola, é possível observar alguns indicativos na criança, tais como:

• Dificuldade para compreender ordens;

• Dificuldades na coordenação motora global e fina;

• Problemas com o desenvolvimento da atenção, concentração e interação;

• Demora em aprender a falar e se expressar;

• História de dificuldades de aprendizagem na família.

Mas é na escola, onde ocorre a aprendizagem formal, que a dificuldade pode ser amplamente percebida por meio dos seguintes comportamentos:

• Recusa em ir para a escola;

• Relutância em aprender a ler;

• Confusão entre letras e números na hora da escrita (E e 3, por exemplo);

• Dificuldades em memorizar a sequência do alfabeto;

• Problemas para reconhecer e identificar sons iniciais e finais de palavras;

• Dificuldade para completar palavras e frases simples;

• Dificuldade com palavras novas e sua compreensão;

• Problema para identificar e nomear letras e sílabas;

• Dificuldades grafomotoras como: cópia, escrita, recorte, colagem e pintura;

• Notas baixas e, consequentemente, repetências.

Como se dá o diagnóstico da dificuldade de aprendizagem?

A criança com dificuldades de aprendizagem não tem consciência da própria condição, por isso a importância de um olhar especializado. No diagnóstico psicopedagógico clínico ocorrem as entrevistas e anamnese com a família e a escola. Sessões lúdicas com a criança, além de aplicações de testes, observação do material escolar e outras ações podem ajudar a identificar o que vem interferindo na aprendizagem da criança. Tudo isso requer muita responsabilidade e sensibilidade para descobrir, inclusive, se há a necessidade da intervenção de outro olhar profissional, como fonoaudiólogo, psicólogo, psiquiatra, neurologista, entre outros.

Quais são os recursos existentes para melhorar o quadro?

Um trabalho psicopedagógico clínico tem como maior objetivo ressignificar a aprendizagem, auxiliando a criança, gradativamente, na conquista do que parece inatingível: o saber. Porém, mais do que isso, preciosos recursos para a melhoria desse quadro são conhecimento, muito amor, paciência e dedicação, tanto da família quanto da escola, para acolher e estimular a criança. É preciso priorizar as diversas formas de ensinar, respeitando a individualidade, a forma e o ritmo de aprendizagem.

7 dicas para prevenir as dificuldades de aprendizagem

1. Brincar livremente com seu bebê;

2. Evitar o excesso de estímulos;

3. Respeitar o tempo de resposta;

4. Diversificar as brincadeiras com brinquedos agradáveis ao tato, paladar e audição;

5. Colocar música ou narrativas de histórias no carro quando precisar sair com o bebê;

6. Cantar musiquinhas e observar se o bebê reage ao estímulo;

7. Conversar com o bebê sempre que puder, dizendo o quanto é amado.