Transtornos alimentares são comuns na gestação e puerpério?
Você sabia que a gestação e puerpério são fases que requerem atenção especial no que diz respeito a transtornos alimentares? Isso porque, explicam as nutricionistas materno-infantis do Instituto de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Curitiba (IPCAC) Luísa Hipólito e Marina Katz, as mulheres já são mais suscetíveis à imposição da sociedade e principalmente da mídia ao padrão cultural de magreza.

Ainda mais em períodos como a adolescência e gestação, fases essas acompanhadas de muitas emoções, grandes alterações corporais e de vida, tornando-as mais vulneráveis aos transtornos alimentares. Dentre os mais estudados e frequentes na gestação estão bulimia nervosa, picacismo e transtorno da compulsão alimentar.

Segundo as especialistas, não existem indicadores laboratoriais confiáveis para se realizar diagnóstico de transtorno alimentar, os sintomas devem ser avaliados e tratados durante o cuidado pré-natal e pós-parto aliados de investigação detalhada dos profissionais. Porém, mesmo sabendo da importância da nutrição materna para o desenvolvimento fetal e bem-estar tanto da mãe como do recém-nascido questiona-se: “será que todos os profissionais de saúde apresentam treinamento adequado para lidar com questões de alimentação?”.

A literatura indica que os transtornos alimentares estão presentes em 1% das gestações. Talvez porque haja relutância dos pacientes para detalhar questões comportamentais referentes a seus hábitos alimentares, ainda mais quando não questionados especificamente, reforçando assim a importância do acompanhamento pelo profissional nutricionista neste período.

“Não existe consenso sobre a gestação contribuir ou piorar os sintomas, ou mesmo se teria efeito redutor ou remissivo sobre sintomas já presentes no período pré-gestacional. Mas a preocupação do peso com relação a mudanças corporais no puerpério podem exacerbar os sintomas de transtornos alimentares. E é ao longo prazo que essa preocupação poderá prejudicar a maneira como a mãe alimenta e cuida do seu filho, tanto restringindo ou superalimentando o pequeno”, orientam Luísa e Marina.