Problemas de pele mais comuns na gravidez
Já no início da gravidez é comum as mulheres perceberem mudanças na pele. É possível que o maior órgão do corpo humano ganhe mais brilho e viço, porém, também podem aparecer as chamadas dermatoses. Elas podem ser fisiológicas ou patológicas e geralmente desaparecem no fim da gestação ou até dois meses após o parto. As fisiológicas principais são o melasma, aumento de pelos e cabelos, estrias e teleangectasias. A seguir a dermatologista Dra. Millena Accetta Nadal explica melhor sobre cada uma delas.Melasmas: são manchas escuras que surgem normalmente no rosto, mas podem aparecer em outras áreas expostas ao sol, como os braços e o colo. Na face, podem se mostrar na maçã do rosto, na testa, na bochecha, acima do lábio, no nariz, no queixo e na região da mandíbula. Mulheres entre 20 e 50 anos estão mais predispostas, mas os homens também podem apresentar os melasmas.

Os melasmas podem ser de três tipos, dependendo do local onde está o acúmulo de pigmento: epidérmico (através da epiderme, a camada mais superficial da pele), dérmico (a melanina se acumula ao redor dos vasos superficiais e profundos) e misto (epiderme e derme). As causas podem ser exposição solar, uso de anticoncepcionais e outros medicamentos, hormônios, genética, gravidez, dentre outras. Ao menor sinal de melasma é preciso procurar o dermatologista, que indicará o melhor tratamento para cada caso.

Aumento de pelos e cabelos: durante a gestação, algumas mulheres percebem que os pelos aumentaram. Não é só impressão. Devido ao aumento de hormônios masculinos, a produção de pelos se intensifica. Também é natural que os cabelos cresçam mais rápido. A resposta está nos níveis elevados do hormônio estrogênio, prolongando a fase de crescimento dos fios.

Estrias: ocorrem principalmente no abdômen. Enquanto são vermelhas, podem ser tratadas e até desaparecerem. Já as brancas, por serem mais antigas, demandam maiores cuidados e nem sempre conseguem o resultado das mais recentes. Para evitá-las, principalmente na gestação, é importante apostar em uma hidratação completa. Tomar pelo menos dois litros de água ao dia e hidratar bem a pele, principalmente na barriga, utilizando cremes com alto poder de hidratação e óleos.

Teleangectasias: o sistema circulatório da mulher também sofre alterações pela quantidade de estrogênio. É o caso da teleangectasia, que se caracteriza pela dilatação dos vasos sanguíneos. É comum essa alteração aparecer do segundo ao quinto mês de gestação, com lesões vermelhas no rosto, nos braços e nas pernas. O tratamento pode ser feito após o nascimento do bebê.

As dermatoses patológicas, por outro lado, podem repercutir de alguma maneira na saúde e bem-estar materno e/ou fetal. Elas são divididas em:

Pápulas e placas urticariformes e pruriginosas da gravidez: é a mais comum das dermatoses patológicas e a segunda doença mais frequente na gravidez. Mostra-se no terceiro trimestre de gestação por lesões em alvo, arredondadas, começando pelo abdômen. Também podem surgir nas mãos, pés, mucosas, mamas, membros superiores e nádegas. As causas são o aumento excessivo de peso da gestante ou do feto, múltiplas gestações, distensão abdominal e hipertensão. Por mais que cause grande mal-estar, em grande parte pela coceira (prurido), a doença normalmente desaparece depois do parto e não tem risco para a mãe ou o bebê. O tratamento geralmente é feito com corticoide.

Prurigo da gravidez: tem componente emocional, sendo mais comum na parte extensora de pernas e membros superiores. Inicia-se entre a 25ª e a 30ª semana e dura toda a gestação, melhorando após o parto e pode permanecer até poucos dias do puerpério.

Foliculite pruriginosa da gravidez: parecida com a acne, é rara, mas pode aparecer entre o quarto e o nono mês, geralmente no tronco, braços e pernas. Melhora de duas a três semanas após o parto.

Colestase intra-hepática: é a única doença entre as dermatoses patológicas descritas que oferece riscos, podendo ocasionar prematuridade, líquido amniótico com mecônio e morte fetal. Mas não pode ser causa de preocupação entre as mamães e gestantes, pois é muito rara, identificada entre 1% e 2% das grávidas. Aparece no terceiro trimestre de gestação e causa coceira no tronco, palmas e plantas. A causa é resultado do aumento da excreção de ácidos biliares induzido pelos hormônios estrógeno e progesterona.

De acordo com a Dra. Millena, o desaparecimento das dermatoses patológicas varia de acordo com o diagnóstico, mas existe, sim, tratamento para alívio dos sintomas e melhora clínica. É preciso procurar um dermatologista para avaliar cada caso e indicar o tratamento que oferecerá os melhores resultados para a grávida e a mamãe. Além disso, cuidados com a pele são essenciais. Dentre eles estão uma dieta balanceada e exercícios físicos para evitar o ganho excessivo de peso; cuidados com os mamilos; higiene bucal; hidratação adequada de dentro para fora e de fora para dentro; uso de protetor solar; e uso de meia elástica, quando necessário.