Por que é importante que as mães falem sobre seus sentimentos?
Nem sempre é fácil para as mães expressarem seus sentimentos sobre as experiências que têm durante a gestação, durante o puerpério e até mesmo durante a maternidade, especialmente quando se tratam de experiências muito fortes e desagradáveis. As mães são cobradas a se mostrarem sempre alegres, felizes e animadas com a maternidade. Todavia, esses sentimentos nem sempre estão presentes – e isso é perfeitamente normal, afirma a psicóloga e professora Michelle Jacques.

“Muitas vezes não entendemos o que está ocorrendo com nosso corpo e nossas emoções. Há toda uma mudança fisiológica e psicológica acontecendo. Isso gera novas sensações positivas como também negativas e precisamos falar sobre isso, sim! Precisamos poder falar sobre nossos medos, nossas dúvidas, nossos anseios, nossas tristezas, frustrações e também sobre nossas alegrias”, encoraja a profissional.

Segundo Michelle conversando e analisando seus sentimentos, a mulher pode se tornar mais preparada para a jornada da maternidade. “Podemos saber cuidar melhor de nós mesmas para que então possamos cuidar dos nossos filhos. Penso sempre no exemplo da máscara de oxigênio dada durante o início dos voos. Colocamos a máscara primeiro em nós mesmos para então colocá-las nas crianças. Pois, se você mesma não está respirando como conseguirá socorrer um outro, não é mesmo? Daí a importância de estar investindo em si mesma – e inclui-se aí cuidados psicológicos”, aconselha.

Falhas são inevitáveis, pois as mães são, afinal, humanas. Mas um bebê bem cuidado, tanto no útero, antes do nascimento, como no manejo pós-parto (e é claro ao longo de toda infância e adolescência) é fundamental para futuros adultos mais seguros e confiantes. Dr. D. W. Winnicott, psiquiatra e psicanalista inglês, enfatiza a importância da relação mãe-bebê desde o útero. Para ele, o início se dá muito antes do nascimento. A isso a psicóloga acrescenta: “uma mãe que tem autoconhecimento e entende suas próprias emoções poderá desempenhar suas funções maternas de forma mais suave e equilibrada”.

Assim, busque ajuda sempre que precisar. Não se sinta envergonhada de nem sempre querer estar ali com seu filho ou de não entender porque se sente assim. Um especialista poderá te ajudar a desenvolver recursos psíquicos para lidar com as diversas mudanças que ocorrem ao longo da gestação e especialmente no puerpério – momento de intensas mudanças, dificuldades, mas também alegria!