Por que a criança precisa tanto de afeto no dia a dia?
Você vem refletindo se tem dado carinho suficiente aos seus filhos? Será que não anda trocando brincadeiras, conversas e confidências com eles por minutos a mais no celular ou em frente à TV? Mais do que satisfazer as necessidades básicas da criança, como dar alimentação, calor, abrigo e proteção, a família tem uma segunda função tão importante quanto essa, a de proporcionar um ambiente emocionalmente saudável, com muito afeto, para que os pequenos possam desenvolver, ao máximo, suas capacidades físicas, mentais e sociais.

As psicólogas do Instituto Afeto, especialistas em atendimento materno-infantil, Dra. Laura Drummond, Dra. Alline Rocha e Dra. Geórgia Bueno ressaltam que a criança não é capaz de desenvolver-se sozinha, necessita dos que convivem com ela, principalmente os pais, para crescer e tornar-se madura. Dessa forma, crianças inseridas em um lar saudável, ao lado de pais afetivos que deem apoio incondicional, em geral desenvolvem estruturas psíquicas seguras e fortes para o enfrentamento de dificuldades do dia a dia.

Por outro lado, as especialistas apontam que crianças que passam por carências sentimentais precocemente dentro de casa poderão apresentar dificuldades no que se refere à constituição de si mesmas e na construção de suas próprias relações afetivas. Além disso, as funções cognitivas também podem ser afetadas. “Portanto, o papel da família é importantíssimo para estruturação dos pequenos e, na ausência dela, o vazio existencial e a não compreensão das emoções podem levar a doenças mentais e a comportamentos de autodestruição na adolescência e na fase adulta”, alertam.

O vínculo afetivo entre a criança e sua família ocorre de forma natural e começa desde a gestação. “Mães que são sensíveis aos sinais e comunicações do bebê tendem a transmitir segurança emocional aos filhos; ao passo que mães emocionalmente distantes, poderão rejeitar as manifestações da criança, demonstrando irritação e impaciência na interação com ela”, avaliam as psicólogas. Assim, a repetição do padrão das interações iniciais entre a mãe e o bebê formará um modelo com o qual a criança irá estabelecer suas futuras relações.

Por isso, a capacidade inata do ser humano para estabelecer vínculos afetivos precisa ser estimulada adequadamente. Isso porque, para se concretizar, a relação de afeto precisa de manutenção adequada e estímulos frequentes para ser satisfatória e enriquecedora para os envolvidos. Se você está com dificuldades de fortalecer as relações afetivas com seus filhos, não tenha vergonha de buscar ajuda. “É possível recuperar o tempo perdido”, acreditam as psicólogas.