Parto domiciliar, como funciona?
O parto domiciliar é um evento planejado e uma opção para mulheres que querem fugir da “indústria do parto”. Atualmente, o Brasil é recordista em cirurgias cesarianas no mundo. O índice é de 52%, quando o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15%. Na rede privada, esse número sobe para 83% dos casos, chegando a mais de 90% em algumas maternidades. Mesmo com tantas informações que surgem no dia a dia, é comum que a grávida tenha alguns questionamentos. Por isso, as enfermeiras obstetras da Casa Humaniza Dra. Kelly Cavalcante e Dra. Melissa Martinelli listaram e responderam algumas das principais dúvidas sobre o parto domiciliar. Confira:

O que é preciso para um parto domiciliar?

É preciso que a gravidez transcorra sem nenhuma intercorrência e que o parto ocorra a partir da 37ª semana.

Quais os riscos?

Os mesmos de um parto hospitalar e até menores. Dados do Ministério da Saúde indicam que a cesárea aumenta as chances da mãe contrair uma infecção, hemorragia, e quadruplica os riscos de o bebê ir para a UTI.

E os procedimentos que normalmente são feitos no hospital, como a aspiração do bebê e o corte do cordão umbilical?

Consta no Manual de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria a orientação de que não há a necessidade de aspirar bebês que nascem vigorosos e que o cordão não deve ser cortado imediatamente.

E se tiver algum problema com o bebê?

As equipes que atendem ao parto domiciliar planejado possuem todos os equipamentos necessários para uma emergência neonatal, até que se faça a transferência ao hospital.

Quem atende o parto domiciliar?

Enfermeiras obstetras, obstetrizes e médicos podem atender os partos normais domiciliares.

O que esses profissionais levam para o atendimento em casa?

Seringas, agulha de sutura, anestésico local, luvas, antisséptico, berço aquecido, ambu/CFR, máscara, cilindro de oxigênio, material de aspiração, soro, drogas anti-hemorrágicas, etc.

E se acontecer alguma coisa durante o parto?

Em caso de distócia de ombros resolve-se com as mesmas manobras hospitalares; se os batimentos não forem bons, transfere-se para o hospital; se houver mecônio em baixa quantidade e batimentos normais, aguarda-se o parto; se houver muito mecônio ou batimentos anormais, transfere-se. Já no pós-parto, se houver hemorragia, corrige-se com a medicação necessária e reposição de líquido; placenta retida, transfere-se; atonia uterina, transfere-se também. Se houver laceração, os três profissionais têm autorização (técnica e material) para suturar sob anestesia local em casa.