Hipertensão gestacional
Muito sal na dieta, sedentarismo e maus hábitos, associados a outros fatores de risco (familiar e pessoal), podem ocasionar uma doença que atinge de 5% a 10% das gestantes brasileiras. Trata-se da hipertensão gestacional, um problema que pode comprometer a saúde e até mesmo a vida da mamãe e a do bebê. Quando a pressão arterial da gestante atinge valores superiores a 140/90, a partir da 20ª semana de gestação, ela é diagnosticada com a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG). A DHEG constitui, no Brasil, a primeira causa de morte materna, principalmente quando se instala em uma de suas formas graves, como a eclâmpsia e a Síndrome HELLP.

Daí a importância do acompanhamento médico gestacional. Os exames pré-natais permitem ao médico avaliar e monitorar o estado de saúde da gestante e do bebê. “Um pré-natal bem feito e orientado impede problemas mais graves”, ressalta a ginecologista e obstetra Dra. Clarissa Marini Pinto Japiassu. A seguir, Dra. Clarissa explica o que é a hipertensão gestacional, os motivos que caracterizam a doença e o que você deve fazer para se prevenir. Confira:

O que é hipertensão na gestação?

Se a pressão arterial da gestante atingir valores superiores a 140/90, a partir da 20ª semana de gestação, ela é diagnosticada com a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG). A DHEG é a complicação mais frequente na gestação, afeta de 5% a 10% das grávidas, e constitui, no Brasil, a primeira causa de morte materna, principalmente quando se instala em uma de suas formas graves, como a eclâmpsia e a Síndrome HELLP (caracterizada por: (H) hemólise, (EL) enzimas hepáticas elevadas e (LP) baixa contagem de plaquetas).

Como são as formas graves da doença?

Outras formas de hipertensão arterial podem também estar presentes na gestação, como a hipertensão crônica (que ocorre antes da 20ª semana) e a hipertensão transitória (ocorre na gestação ou nas primeiras 24 horas após o parto). Além disso, a DHEG compreende a pré-eclâmpsia (diagnosticada após 20 semanas de gestação) e a eclampsia (é a pré-eclâmpsia associada à convulsão e/ou coma, sem causa aparente).

Quais são os sintomas da pré-eclampsia?

A pré-eclampsia é uma síndrome específica da gravidez, com redução da circulação de diferentes órgãos por contração das pequenas artérias do organismo e com lesão de sua camada central (endotélio). É acompanhada de edema (inchaço), de início sem ser aparente, mas é observado pelo ganho excessivo de peso em uma semana (600g a 1.000g) e proteína na urina (proteinúria). É importante saber que saída de proteína na urina é tardia e significa processo grave. A pré-eclampsia é comum na primeira gestação e após a 20ª semana, quando se torna evidente no exame clínico. Importante destacar que, nesse início, a gestante se apresenta bem e sem nenhuma queixa.

Como se faz o diagnóstico da hipertensão gestacional?

O diagnóstico é clínico e laboratorial. Deve-se avaliar a pressão arterial, presença de edema generalizado (parede abdominal, pernas, face, região lombossacra e mãos), aumento de peso acima de 1.000g por semana, proteinúria com valores iguais ou maiores a 300mg de proteína na urina coletada durante 24h.

Quais os sinais de que o problema está se tornando preocupante?

Além da pressão sanguínea muito alta, dores de cabeça e abdominais, escotomas (visão comprometida com pontos brilhantes) e inchaço em todo o corpo indicam que o quadro da gestante é sério e merece cuidados médicos de pronto.

Qual o tratamento indicado?

Uma vez que a hipertensão gestacional for diagnosticada, o acompanhamento médico para controle da pressão arterial é o tratamento indicado, além de redução do sal na dieta, melhora nos hábitos e prática de atividades físicas. Pode ser necessário também o uso de anti-hipertensivos, cuja indicação é particularizada para cada paciente.

Quais são os riscos que a hipertensão arterial oferece para mães e bebês?

As complicações da hipertensão gestacional afetam os sistemas cardiovascular, renal, hematológico, neurológico, hepático e uteroplacentário. Isso pode causar descolamento da placenta, prematuridade, retardo do crescimento intrauterino, morte materno-fetal, oligúria, crise hipertensiva, edema pulmonar, edema cerebral, trombocitopenia, hemorragia, acidente vascular cerebral, cegueira, intolerância fetal ao trabalho de parto e a Síndrome HELLP.

A hipertensão arterial pode levar à morte do bebê?

A mortalidade perinatal (dentro do útero e no berçário) é elevada nos casos de hipertensão na gravidez, principalmente na eclampsia. Apesar da hipertensão na gravidez ser bastante grave para mãe e feto, um pré-natal bem feito e bem-orientado impede problemas mais graves.