Como a psicoterapia contribui para gravidez e pós-parto mais tranquilos?
A gravidez e o puerpério são períodos de vulnerabilidade emocional. Negligenciar isso é um erro que muitas mulheres cometem e, por isso, acabam sendo vítimas de patologias psicológicas perinatais comuns, como a depressão pós-parto, ou menos frequentes, como a psicose pós-parto. Portanto, cuidar da saúde mental é tão importante quanto acompanhar a saúde do corpo. “O acompanhamento da psicoterapia atua como medida preventiva contra essas patologias, além de ajudar a mãe a compreender diferentes aspectos das emoções maternas”, avalia a especialista em psicologia perinatal e da parentalidade Ágatha Ferraz. Saiba mais:

Além de prevenir as patologias citadas no início da matéria, como o acompanhamento psicológico perinatal ajuda a mulher?

A maternidade possui significados diferentes para cada mulher, que serão melhor elaborados com ajuda psicoterapêutica. A culpa e a maternidade são quase sinônimas, muitas mulheres não se sentem confortáveis em falar sobre aspectos negativos relacionados à maternidade, mas esse silêncio pode adoecê-las. É importante para a saúde mental da mãe que ela reconheça e aceite os prazeres e as dores da maternidade. O acompanhamento psicoterapêutico também pode facilitar a construção do vínculo entre mãe e bebê, que acontece por meio de interações como a amamentação, olhares e carícias. São esses momentos que irão estabelecer e manter a relação, e é necessário que a mãe saiba que por vezes essa construção precisa de tempo e paciência – e isso é completamente natural.

O que é o Baby Blues?

O Baby Blues acontece após uma queda hormonal brusca no pós-parto. Isso pode fazer com que a mulher se sinta indisposta e melancólica, com episódios de choro e dificuldade em nomear o que sente, mas isso não significa que esteja deprimida. Grande parte das mulheres passa por essa experiência, que pode durar até duas semanas. O Baby Blues então não é uma patologia, e sim uma condição completamente natural e a psicoterapia se faz presente para que a travessia do tornar-se mãe seja mais leve e menos solitária.

Qual a importância de uma rede de apoio?

“É preciso uma aldeia para criar uma criança”. Esse ditado reflete muito bem a importância da rede de apoio. A participação de diferentes pessoas na criação da criança, as interações do bebê com o mundo por meio do contato com outros além da mãe, tudo isso colabora para seu desenvolvimento e para que a mãe não se sinta sobrecarregada. O psicoterapeuta atua na dinâmica da família como um dos agentes da rede de apoio.