Como lidar com o turbilhão de emoções que vêm junto com a gestação e o pós-parto?
A gravidez deveria ser um momento de calma e tranquilidade, mas geralmente não é porque marca um período de transição extremamente significativa na vida do casal. Além dos hormônios, sentimentos, como ansiedade e insegurança, podem surgir quando enfrenta-se essa nova etapa totalmente desconhecida. “Chorar, estar mais sensível e apreensiva podem fazer parte desta fase, pois não somos preparados para exercer os papéis de mãe/pai e, além disso, tentamos buscar a perfeição na vivência desses papéis, o que pode torná-lo ainda menos prazeroso. Alguns distúrbios mentais podem acontecer com maior probabilidade no ciclo da gestação e do pós-parto, por isso, devemos estar atentos ao que sentimos e como esses sentimentos surgem para que possamos cuidar da nossa saúde mental assim como cuidamos da nossa saúde física”, esclarece a Psicóloga Perinatal e Obstétrica Dra. Juliana Benevides.A depressão e outros transtornos mentais durante a gestação e no pós-parto são comuns, porém pouco divulgados. A maternidade, geralmente, é associada ao bem-estar, plenitude e desenvolvimento do amor instantâneo com o bebê. Porém, isso pode não acontecer e os sentimentos de frustração, culpa, incapacidade e tristeza surgem, podendo gerar dificuldade na mulher e no homem em lidar com esse nova vida. “A relação com o bebê e o desenvolvimento da afetividade podem ficar comprometidos porque o cansaço excessivo, as dúvidas, preocupações, responsabilidades e a ausência de soluções diante desse cenário, muitas vezes, não permitem que os envolvidos percebam que estão em sofrimento e, portanto, não buscam apoio especializado”, ressalta.

Segundo a Dra. Juliana, o chamado Baby Blues é um período de tristeza e melancolia que, geralmente, acontece após o parto. Esses sentimentos são considerados naturais e desaparecem após alguns dias. Já a depressão pós-parto provoca tristeza profunda, preocupação excessiva, nervosismo e vontade de chorar. É um adoecimento grave, precisa de acompanhamento psicoterapêutico e, algumas vezes, psiquiátrico, com o auxílio de medicações. O Transtorno do Pânico e o Transtorno de Ansiedade são outras formas patológicas de adoecimento nessa fase gravídico-puerperal, que podem trazer desde complicações para o feto, para a mulher bem como para a relação conjugal e familiar.

Tratamento

“É possível exercer a maternidade e a paternidade de forma leve, com consciência e sem sofrimento psíquico. Além dos grupos psicoterapêuticos que tratam desse tema, pode-se realizar a psicoterapia individual ou do casal, para elaborar/superar as demandas exigidas e conquistar o bem-estar nesse processo de ressignificação da vida. Não hesite em procurar ajuda!”