Por que toda criança precisa visitar um oftalmopediatra?
Alguns pais podem pensar que o pediatra é o único profissional de saúde que deve acompanhar a criança por toda a infância, mas não é bem assim. A oftalmologia pediátrica, por exemplo, está entre as especialidades que têm papel relevante na saúde dos pequenos. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o que um oftalmopediatra pode fazer pelo seu filho, o Manual da Mamãe conversou com especialistas na área, os oftalmologistas Dra. Tatiana Santarem e Dr. Fernando Ferreira. Confira:

Qual a importância da oftalmopediatria?

A oftalmopediatria é uma sub especialidade médica dentro da oftalmologia que trata das doenças oftalmológicas das crianças e adolescentes. Os problemas oculares da infância devem ser diagnosticados e tratados o quanto antes, evitando muitas vezes, dessa forma, a perda visual. As formas de examinar um bebê, uma criança e um adulto são diferentes. Portanto, o oftalmologista pediátrico é um especialista que, além de dominar o conhecimento sobre as doenças oculares infantis, consegue abordar a criança e manejar o exame de maneira lúdica, propiciando mais conforto e segurança ao paciente e aos responsáveis. Cada faixa etária tem suas características próprias e existem peculiaridades específicas em relação ao exame do adulto.

Quando levar o bebê ao oftalmopediatra?

Logo ao nascimento há recomendação para um exame oftalmológico realizado com a dilatação da pupila do bebê. O diagnóstico precoce é sempre fundamental no prognóstico da existência de patologias ou malformações, muitas vezes não aparentes em uma simples inspeção. A partir dos 6 meses um novo exame oftalmológico completo deve ser repetido com periodicidade durante toda a infância com a finalidade de detectar e tratar alterações como os erros refracionais (miopia, hipermetropia e astigmatismo), estrabismo, ambliopia, entre outras doenças que comprometem o desenvolvimento pleno da criança e suas capacidades.

Por que a criança deve ser acompanhada por toda a infância por um oftalmologista pediátrico?

É importante ressaltar que as crianças com baixa visão não têm consciência dessa condição e consequentemente não se queixam, levando a um atraso do diagnóstico. Muitos pacientes passam toda a infância enxergando mal quando apenas em torno dos 5 a 7 anos as alterações são descobertas durante a fase de alfabetização em decorrência da dificuldade de aprendizado na escola ou queixa de dores de cabeça frequentes.

Uma das descobertas pode ser o “olho preguiçoso”? O que é isso exatamente?

A ambliopia, também chamada de doença do olho preguiçoso, é a principal causa de baixa visão unilateral em crianças, sendo mais comum quando há história familiar para a alteração em prematuros ou em pacientes com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. O maior desafio no diagnóstico é o fato do olho acometido não apresentar alteração anatômica. A ambliopia é uma falha de desenvolvimento neural no sistema visual e o tratamento é efetivo apenas quando realizado durante a infância, período em que a visão ainda está se desenvolvendo. Portanto, sim, o acompanhamento periódico com oftalmologista fará toda a diferença na descoberta desse comprometimento visual e no seu tratamento.

O que fazer quando o olho do bebê lacrimeja e acumula secreção desde o nascimento?

Uma das causas principais é a obstrução do ducto nasolacrimal, um distúrbio muito comum que ocorre em cerca de 5% dos recém-nascidos com até 9 meses. A maior parte dos casos melhora com tratamento clínico até cerca de 18 meses, mas existe a possibilidade do paciente necessitar realizar a sondagem da via lacrimal, procedimento feito em ambiente cirúrgico sob anestesia. Lembrando que existem outras causas para lacrimejamento em recém-nascidos que precisam ser avaliadas pelo especialista.

O estrabismo é outra condição comum na infância. É possível tratar?

O estrabismo caracteriza-se pelo desalinhamento entre os olhos de forma permanente ou intermitente. Ocorre em 2 a 4 % da população mundial e a maioria não tem causa específica. A criança pode nascer estrábica ou tornar-se estrábica durante a infância, durante os primeiros anos de vida. Sim, existe tratamento e ele varia conforme o tipo do desvio e condições clínicas do paciente.

Como os pais podem perceber alguma alteração no desenvolvimento da visão da criança?

Ressaltamos que o exame oftalmológico deve ser feito periodicamente mesmo NÃO havendo queixa alguma por parte da criança! Mas os responsáveis devem estar atentos a qualquer variação do comportamento da criança, como aproximação acentuada da televisão ou do caderno, o ato de piscar excessivamente, perda do paralelismo ocular, incômodo com a claridade, dores de cabeça constantes, quedas frequentes da própria altura, irritação ocular, ou mesmo qualquer observação que seus filhos façam em relação aos olhos. É fato que se a criança não apresentar alteração aparente, os responsáveis não conseguem identificar que algo pode estar acontecendo e aqui fica, mais uma vez, o alerta que a única forma de constatar qualquer alteração é por meio de um exame com o oftalmologista pediátrico.