Ansiedade infantil existe? O que os pais podem fazer para ajudar?
Ansiedade é uma emoção comum e normal que todos sentimos em vários momentos desafiadores da vida, principalmente quando nos deparamos com o desconhecido ou o imprevisível. Porém, algumas pessoas, tanto crianças quanto adultos, ficam “aprisionadas” nessa emoção como se precisassem estar constantemente em alerta diante do mundo perigoso que se apresenta.

Segundo as psicólogas Camila Montú e Helena Abdalla, não é possível listar situações universais geradoras de ansiedade, pois isso é extremamente individual e, em cada experiência de vida, emergirão sentimentos únicos nos envolvidos. Porém elas acreditam que algumas características da atual sociedade podem colaborar para esse quadro.

Nesta era virtual, em que comunicação, troca de informações, trabalhos, aquisições e pesquisas acontecem de forma muito rápida, com apenas um clique, as relações afetivas estão, também, cada vez mais superficiais e passageiras. “Isso ensina as crianças, desde cedo, a esperarem que tudo aconteça rapidamente, ignorando os processos de realizações. Elas crescem sem maturidade emocional para lidar com o tempo, as frustrações, as mudanças e as perdas.”

Da mesma forma que é cheia a agenda dos pais, muitas vezes é a dos filhos. Assim, está sendo cada vez mais comum encontrar crianças que não conhecem o valor do descanso, da importância do silêncio e da quietude, sem tempo para se autoconhecerem, brincarem sozinhas, adentrarem no mundo da imaginação e do faz de conta.

Alguns comportamentos constantes que podem indicar ansiedade na criança são: irritação, agressividade, agitação, isolamento social, roer as unhas, tiques nervosos, falta de concentração, sono agitado, dificuldade de aprendizagem escolar, choro constante e medo de ficar só.

É muito importante um olhar especial a essas crianças, seus responsáveis e suas dinâmicas familiares, pois, mesmo de forma não verbal, elas podem estar pedindo ajuda para lidar com tantas emoções conflitivas. Camila e Helena explicam que, no consultório, o acompanhamento psicoterapêutico com a criança, os pais e os demais integrantes que compõem essa rede relacional poderá ajudar a identificar possíveis fatores que influenciam no quadro de ansiedade na família.

“Ensinar a criança processualmente a reconhecer os sentimentos dela diante das mais diversas situações da vida, e saber expressá-los, pode ajudá-la a lidar melhor com a raiva, o medo, a tristeza e a euforia, os quais, muitas vezes, geram ansiedade”, avaliam as especialistas.