O que toda gestante precisa saber sobre parto prematuro
A prematuridade é a principal causa de morbidade e mortalidade perinatal em todo o mundo e está associada a 60 a 80% das mortes perinatais não relacionadas a anomalias congênitas. Segundo a ginecologista e obstetra Dra. Roberta Garcia Roriz, o risco perinatal é inversamente proporcional à idade gestacional, porém em certas condições, como o comprometimento fetal, o atraso no nascimento pode aumentar a morbimortalidade.

“Por isso, o manejo do parto prematuro precisa ser baseado em evidências científicas sólidas, por um profissional que tenha experiência e muitas vezes deve ser individualizado”. Diante da gravidade do quadro, é importante entender direitinho tudo o que ronda o parto prematuro, desde o que é possível fazer para preveni-lo até qual deve ser a conduta quando o bebê nasce antes da hora. Confira a entrevista completa com a especialista:

O que caracteriza um parto prematuro?

O parto pré-termo, ou seja, prematuro, é aquele que acontece antes de 37 semanas completas de gestação. Mas seu limite inferior não é definido. A prematuridade pode ser classificada em leve (36 a 37 semanas), moderada (32 a 36 semanas), grave (28 a 32 semanas) e extrema (abaixo de 28 semanas).

Quais as consequências de um parto prematuro em curto e em longo prazos?

Em curto prazo, a prematuridade pode causar SARI (Síndrome de Angústia Respiratória), hemorragia intraventricular e sepse. Já em longo prazo, as consequências podem ser paralisia cerebral, retardo mental, doença pulmonar crônica, cegueira e surdez.

Quais as causas de um parto prematuro?

As causas de parto pré-termo são consideradas multifatoriais, uma vez que vários fatores de risco estão envolvidos, como: amniorrexe (ruptura da bolsa amniótica); gestação múltipla; síndromes hipertensivas e hemorrágicas; alterações no crescimento fetal e do volume do líquido amniótico; anomalias fetais; insuficiência istmocervical; intervenções cirúrgicas prévias sobre o colo uterino; más-formações e tumores (leiomiomas) uterinos; infecções urinárias; infecções genitais; infecção intra-amniótica; intercorrências clínicas (diabetes, doenças do colágeno e abuso de drogas); idade abaixo de 20 anos; tabagismo e parto pré-termo prévio.

Quando é necessário fazer maturação pulmonar? Para que serve?

Quando a paciente apresenta sintomas ou tem história de parto prematuro está indicado o uso das injeções para amadurecer o pulmão do feto. Essa injeção está indicada apenas a partir de 24 semanas de gestação e são aplicadas duas doses com diferença de 24 horas entre as aplicações. Essas injeções de corticoide reduzem a incidência de complicações respiratórias, hemorragias intraventriculares e infecções sistêmicas no bebê.

Como é feito o diagnóstico? Como saber se estou com parto pré-termo?

A paciente deve apresentar quatro ou mais contrações em 30 minutos - e cada contração dura em torno de 40 segundos -; apresenta pelo menos 3 centímetros de dilatação do colo uterino; além de esvaecimento (apagamento) do colo uterino em 50%. Isso é diagnosticado em exame físico feito pelo obstetra. O comprimento do colo uterino deve estar no limite de 25mm, isso somente é visto em exame de ultrassonografia endovaginal realizado no mesmo momento da ultrassonografia morfológica (20 a 24 semanas de gestação).

E se o bebê nascer antes da hora, o que fazer?

Se não conseguiu evitar o trabalho de parto pré-termo, deveremos investigar por qual via (normal ou cesariana) ocorreu o parto anterior, para saber qual a mais adequada para a ocasião; ter em mente a idade gestacional em que se encontra a gestação, para saber que medidas tomar; avaliar a integridade da bolsa amniótica, o peso estimado do bebê; observar a apresentação fetal (cefálico, pélvico, transverso), bem como as condições do colo do útero; e se a maternidade em que nascerá o bebê terá suporte de UTI neonatal.

O que fazer para prevenir um parto prematuro

• Pacientes com história de parto pré-termo anterior (principal fator de risco) deverão receber acompanhamento rigoroso durante o pré-natal.

• O obstetra deve orientar as pacientes em relação aos sinais e sintomas de trabalho de parto.

• A gestante deve reduzir atividades físicas excessivas.

• Realizar exame de infecções genitais (exame de papanicolau) de urina e sistêmicas em qualquer período da gestação.

• O tratamento de vaginite, tricomoníase e candidíase diminui significativamente a prematuridade.

• Fazer tratamento periodontal durante a gravidez.

• Pacientes de alto risco devem tomar suplementação de progesterona endovaginal entre 24 e 34 semanas de gestação.