Acompanhamento nutricional na gestação

"Estou grávida, devo comer por dois?” Nada disso, futura mamãe. Nesse momento, o ideal é comer bem e de forma saudável, bons hábitos alimentares devem ser postos na mesa na gestação e perdurarem no pós-parto. É fundamental que a gestante tenha uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes e que seu ganho de peso seja controlado.

A nutricionista Materno Infantil da Nutriterapia Dra. Débora Rosa ressalta que ter orientação nutricional na gestação contribui para proteger o organismo da gestante, controlar o ganho de peso e para o desenvolvimento saudável do bebê. Saiba mais sobre o assunto com a profissional:

Qual a importância do acompanhamento nutricional durante a gestação?

A gestação é um período de intensa atividade fisiológica em que todos os sistemas e órgãos sofrem algum grau de adaptação. Nessa fase, também ocorrerá a maior demanda nutricional da vida da mulher, devido à velocidade de multiplicação celular para o desenvolvimento de novos órgãos e tecidos do bebê, além de outros componentes gestacionais.Todos os nutrientes, vitaminas e minerais, como cálcio, magnésio, zinco, selênio, folato, iodo, entre outros, têm sua demanda aumentada durante a gravidez.

Sendo assim, a necessidade de adequar o consumo alimentar também é maior. O cálcio, por exemplo, é necessário para o desenvolvimento do esqueleto do feto e para a manutenção das reservas maternas, já que nos casos de deficiência nutricional o cálcio é retirado dos ossos maternos, privilegiando a formação do bebê. Considerando essa característica própria da gestação, a suplementação multivitamínica tornou-se parte do protocolo obstétrico, com o objetivo de assegurar o aporte nutricional durante todo o período, o que não dispensa o consumo alimentar adequado, afinal nenhuma cápsula é capaz de substituir alimentos ou refeições.

Como a Nutriterapia realiza o acompanhamento nutricional durante a gestação e pós-parto?

Começamos com uma análise detalhada da alimentação e do estado nutricional da pessoa. Após o preenchimento de um histórico de consumo alimentar, serão propostas não apenas mudanças alimentares, mas, principalmente, comportamentais. Tentaremos implantar da forma menos traumática e sofrida as mudanças que forem necessárias.

O objetivo é tornar as pessoas mais conscientes do que comem e das escolhas que fazem todos os dias em todas as refeições.
Trabalhamos habitualmente com períodos de, no mínimo, 3 meses, não como forma de garantir seguimentos mais longos, mas, sim, porque não é possível alterar o comportamento de uma vida em um dia ou em apenas uma consulta. É um processo de educação nutricional, que funciona a médio prazo, mas de forma mais eficiente e com melhores resultados.

Quais os benefícios da alimentação correta para o bebê que está na barriga da mãe?

A grande descoberta dos últimos tempos é a influência da alimentação materna no período gestacional sobre a saúde dos bebês até a vida adulta. A má alimentação, ganho excessivo de peso materno ou fetal, complicações gestacionais e outras práticas pouco adequadas durante a gestação são capazes de interferir no desenvolvimento do bebê. Fatores alimentares influenciam na predisposição de algumas doenças na fase adulta, como obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, entre outras.

A prática do aleitamento materno pode dificultar o desenvolvimento de algumas doenças, pois, além de nutrir adequadamente o bebê, confere papel protetor contra algumas doenças na infância e na vida adulta, entre elas a obesidade. Dessa forma, uma boa alimentação neste período tem impacto em toda a vida dos filhos. Alimentar-se de forma consciente e responsável é um dos primeiros atos de amor que uma mãe pode dedicar ao seu filho.

No pós-parto, o acompanhamento nutricional é importante para a mamãe voltar ao peso ideal e também para uma amamentação saudável?

A mãe que amamenta deverá receber orientação de elevar seu consumo calórico e ainda manter a suplementação multivitamínica. Isso significa que, além das calorias recomendadas para uma mulher saudável não grávida, o aumento calórico deve ser acrescido à sua rotina até o final do período de aleitamento exclusivo. Não se deve realizar nenhum tipo de restrição alimentar durante o período do aleitamento, ou pelo menos até o sexto mês, pois uma perda de peso severa, acompanhada de ingestão insuficiente de nutrientes, poderá interferir na qualidade do leite, diminuir sua produção e causar deficiências nutricionais maternas. A partir da alimentação complementar, a mulher poderá voltar ao seu padrão alimentar semelhante ao da gestação, sem o adicional calórico, a fim de retornar ao seu peso pré-gestacional.

O que comer e o que evitar durante a gestação e no pós-parto:

• Consumir regularmente alimentos naturais e frescos. Isso significa aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, preferencialmente orgânicos;

• Substituir os carboidratos refinados pelos integrais;

• Substituir gorduras animais e em excesso, como nos casos das frituras, por gorduras de boa qualidade, como azeite, óleo de linhaça, algodão, canola, girassol e frutas oleaginosas;

• Priorizar as carnes magras, de preferência peixes, e preparadas com baixa adição de gorduras;

• Evitar alimentos enlatados, embutidos, pré-prontos, como preparações congeladas, refrigerantes e bebidas previamente açucaradas;

• Evitar o consumo excessivo de sal e temperos industrializados, por possuírem altíssimo teor de sódio.