Como a criança aprende a mastigar?
O primeiro ano de vida de um bebê é fundamental para que possamos estabelecer um padrão alimentar. Durante esse período, ele sai de uma dieta completamente líquida (leite) para uma sólida. Quando recebe aleitamento materno, a função da sucção envolve e colabora no desenvolvimento de vários grupos musculares e da parte óssea da região oral, aponta a fonoaudióloga Dra. Adadja Aragão.

“Isso contribui para o estímulo do crescimento da mandíbula, o que propiciará uma harmonia facial, bem como um bom desempenho dos órgãos fonoarticulatórios responsáveis pela articulação dos sons da fala”, comenta.

Na fase de alimentação pastosa, a criança começa a exercitar a mastigação. Nesse período a mastigação se manifesta pelos movimentos verticais, a língua amassa os alimentos contra o palato. Com novas consistências, iniciam-se os movimentos de lateralização da língua para retirar o alimento entre a bochecha e a gengiva.

Por volta de 1 ano e meio, a mastigação pode apresentar um padrão de adulto, com a realização de movimentos rotatórios. Entretanto, nessa idade a criança já deve realizar movimentos mastigatórios bilaterias.

“Mastigação é algo que se aprende. É fundamental que o bebê seja observado de perto durante as suas refeições até completar 3 anos, pois a imaturidade da coordenação motora oral pode fazer com que o alimento seja deglutido sem antes ser bem mastigado, provocando entalo ou engasgos”, observa a Dra. Adadja.

Outro ponto importante é não desistir de oferecer o alimento na primeira recusa. Acostumada com um padrão de sucção e a ser alimentada somente com leite materno, ao ser apresentada a novas texturas e a novos sabores, a criança pode rejeitar o alimento, fazendo com que a mãe apenas ofereça o que ela melhor come, desencadeando, assim, de forma inconsciente, uma monotonia alimentar, que se não for detectada e trabalhada o quanto antes, poderá provocar um comportamento de preferência alimentar.

“É preciso que os pais busquem auxílio ao sentirem-se inseguros nessa fase, para que a criança se alimente com todas as consistências até o término do primeiro ano, utilizando talheres adequados para o melhor desenvolvimento das funções de mastigação e articulação da fala da criança. O sucesso dessa transição alimentar acarretará uma boa articulação dos sons da fala, já que esta está ligada ao equilíbrio das funções neurovegetativas de respiração, sucção, mastigação e deglutição”, pontua a fonoaudióloga.