Cirurgias antes mesmo de o bebê nascer, quando elas são indicadas?
Você sabe o que é a cirurgia fetal e quais os procedimentos que podem ser realizados com o bebê ainda na barriga da mãe? Embora muitas mamães ainda desconheçam, esse é o ramo de atuação da Medicina Fetal que mais vem crescendo ao longo dos anos, inclusive no Brasil. De uma forma simples, pode-se dizer que cirurgia fetal envolve todos os procedimentos cirúrgicos que são realizados no interior da cavidade uterina, durante a gravidez, e que estão relacionados ao feto ou à placenta. Buscar a evolução tranquila de uma gestação que apresentou complicações é o objetivo de uma cirurgia fetal, procedimento realizado pela primeira vez em 1997, nos Estados Unidos, e que se tornou mais frequente no Brasil a partir de 2011.

Todos os casos que são encaminhados para uma possível cirurgia fetal são diagnosticados, primeiramente, por meio do Ultrassom Morfológico de Primeiro Trimestre, também conhecido como ultrassom da translucência nucal. Assim, o reconhecimento ou a suspeita para possíveis situações, como a mielomeningocele (defeito na coluna vertebral expondo a medula espinhal) ou a válvula de uretra posterior (obstrução do trato urinário baixo em meninos), são exemplos que podem merecer tratamento intraútero.

O Dr. Everardo Guanabara, especialista em Medicina Fetal da Clínica Evangelista Torquato, explica que outro procedimento que pode ser realizado com o bebê ainda no útero da mãe é a coagulação de vasos placentários em gestações de gêmeos que dividem a mesma placenta. Essa cirurgia é frequentemente relacionada à síndrome de transfusão feto-fetal, que pode complicar o desenvolvimento dos bebês. Além disso, de acordo com o médico, também é possível fazer intervenções cardíacas, nos pulmões e intervenções na coluna vertebral do bebê, ainda na barriga da mãe.

Por isso, costuma-se dizer que o morfológico de primeiro trimestre e outros exames laboratoriais realizados ao longo da gravidez vão além de uma simples rotina e trazem segurança e tranquilidade para as gestantes.

O Ultrassom Morfológico do Primeiro Trimestre, aquele realizado entre 11 e 14 semanas, fornece muitas informações que podem mudar totalmente o rumo de uma gravidez. “Em mãos experientes, podemos ter o entendimento em até 70% das vezes se aquele bebê estaria acometido por uma malformação grave, como um defeito de parede abdominal, ou até mesmo suspeitar de uma anomalia cardíaca ou do sistema nervoso central”, destaca o Dr. Everardo. Além de tranquilizar muito a futura mamãe, é um instrumento importante no acompanhamento pré-natal e para indicação de intervenções médicas como a cirurgia fetal, que darão chances de o bebê crescer e se desenvolver no tempo certo, no aconchego da barriga da mamãe.